21
Nov 13

Este filme adapta o livro de Donna Woolfook Cross, publicado pela Editorial Presença. Alguns historiadores afirmam ser uma lenda outros acreditam que há veracidade na história. O que é certo é que ao longo da história existiram mulheres que viveram como homens. O mundo era feito para os homens e pelos homens. Isto não significa que não tenham havido mulheres poderosas, assim de repente lembro-me de Cleopatra, mas ela e outras eram a excepção e não a regra.

Nos tempos medievais em que Joahnna viveu a escola era vedada às meninas. Além disso apenas os monges tinham escolas para educar. Só mais tarde é que viriam as escolas laicas.

Joahnna aprende a ler e a escrever com a ajuda do irmão e isso é só o inicio de uma jornada até se tornar papa. Uma jornada cheia de obstáculos que Joahnna consegue ultrapassar.

Mito ou verdade, este é sem dúvida um grande filme que nos mostra que devemos acreditar e lutar por aquilo que queremos. Para nós mulheres lembra-nos o quanto éramos consideradas um mero adereço nos tempos mais remotos.

 

Aqui fica o trailer:

 

publicado por Vera às 10:05

11
Set 12
Thomas Hardy é um autor que aprecio muito, embora nunca tenha lido nenhuma obra sua. Nenhuma está traduzida para português e falta-me a coragem para me embrenhar nelas em inglês, dada a complexidade linguística muito ligada a um inglês 'antigo' e ruralizado.

 

Tenho no entanto visto algumas adaptações das suas obras para televisão. As mais conhecidas, entre muitas, figuram entre:

-Under the Greenwood Tree (1872) http://booksandmovies.blogs.sapo.pt/67143.html

-Far from a madding crowd (1874)

-Tess of the d'urbervilles (1891) http://booksandmovies.blogs.sapo.pt/8958.html

-Jude the obscure (1895)

 

 

Aqui há uns dias vi a adaptação de 1998 de Far from a madding crowd. Andava ansiosa para a ver já há algum tempo. No entanto, via pequenas partes e as imagens pareciam-se sempre tão escuras que isso me desanimava sistematicamente. Mas um dia, lá me decidi a ver. E, quando pensava que ia ver um filme com a duração normal dos filmes, 'suportei' aquilo por quase mais de três horas. Foi, todavia, um 'suportar' muito positivo, caso contrário teria deixado para outro dia. No final, queria mais! Foi uma tarde bem passada! E ficou curiosa para ler o livro. 

 

A história fala de uma mulher (Bathesba Everdene) por quem Gabriel Oak, um pastor, se apaixona e a quem pede casamento. Ela recusa pois não se descobre apaixonada por ele. Tempos depois, Bathesba fica rica ao descobrir que o seu tio lhe deixou a sua fazenda. Lá, começa uma nova vida, tentando provar aos seus empregados que, apesar de mulher, é capaz de administrar a fazenda. Entre os empregados surge Gabriel que, depois de perder a sua propriedade, vagueia sem emprego ou residência. Ela acaba por contratá-lo depois de ele evitar um incêndio grave num dos seus celeiros. 
Bathesba e Gabriel
 
Gabriel continua apaixonado por ela. Mas não se atreve a avançar novamente porque ele agora é um simples empregado e ela a sua patroa. Isto apesar de Bathesba ser daquelas patroas que não tem medo de sujar as mãos juntamente com os seus subalternos e, por isso mesmo, começa a ser admirada por todos. Com o decorrer da história aparece William Boldwood, um proprietário rico e solteiro, porém muito mais velho que ela, que por uma brincadeira no Dia dos Namorados acaba enamorado de Batsheba. Acaba também por pedi-la em casamento mas ela recusa, insegura mais por causa da idade dele. Pelo meio, temos ainda o sargento Francis Troy, um atraente soldado que regressa a casa e seduz Bathesba, com quem acaba por casar. Troy apesar de parecer um conquistador insensível que chega a destratar psicologicamente Bathesba, tem no entanto uma história desconhecida bonita e que vai terminar de forma trágica. Bathesba age honestamente e de acordo com a sua personalidade doce até ao fim, mesmo depois de ter sofrido às mãos do marido e das repercussões do seu passado.
 
Entre mais um ou outro pequeno pormenor importante, esta é mais ou menos a história de Far From a Madding Crowd. O que achei mais interessante foi o facto de Gabriel Oak assistir a todas estas vivências de Bathesba sempre na sombra, aconselhando-a ou repreendendo-a quando possível, e assistindo à sua fúria quando ela não estava de acordo com as ideias dele sobre o que se passava na sua vida. Claro que no fim, vence o amor... depois de algumas tragédias. Ficou-me no entanto uma questão à qual provavelmente só obterei resposta se ler o livro: teria Batsheba repudiado Gabriel por ele ser de uma condição social inferior ou apenas porque não aceitava o seu amor tão devoto e fiel?
 
Esta versão de 1998 é bonita apesar de não ter uma qualidade de imagem muito boa. Conta com as participações de Paloma Baeza (Batsheba Everdeen), Nathaniel Parker (Gabriel Oaks), Jonathan Firth (Francis Troy) e  Nigel Terry (William Boldwood). Há ainda uma versão de 1967 com a Julie Christie que não vi mas que dizem inferior a esta de 1998, apesar de ter estado nomeada para um óscar e outros prémios. 
 
Deixo um vídeo (com direito a música) que mostra algumas das cenas entre Bathesba e Gabriel.
 
   
publicado por Sandra F. às 19:35

17
Ago 12

Jane Eyre de Charlotte Bronte é possivelmente uma das grandes histórias da literatura britânica clássica que mais aprecio. Isso é indubitável desde há algum tempo a esta parte. Ler a obra é um prazer e é inevitável não me condoer com a jovem Jane Eyre ou então com o coração terrivelmente amargurado de Edward Rochester e com o estranho mas profundo sentimento que nasce entre estes dois seres.

 

No que respeita às adaptações televisivas ou cinematográficas, confesso que adoro as duas últimas realizadas. A televisiva (série) de 2006 com Toby Stephens e Ruth Wilson é maravilhosa e a mais fiel à obra original; a cinematográfica de 2011 é igualmente bela apesar de mais curta. Pessoalmente, e atendendo à que mais rápido me toca o coração, gosto da última. Acho a Jane Eyre da Mia Wasikowska muito boa, tendo ela um ar mesmo 'plain, obscure and little'. Já Michael Fassbender, que apesar de charmoso não acho bonito (e é assim que imagino o Edward Rochester da obra original), faz um Mr Rochester perfeito, deixando transparecer nas feições a tortura e a amargura de um homem que se crê já perdido para o mundo e para a felicidade.

             

Não vi mais nenhuma adaptação de Jane Eyre, que me lembre. Em criança, consolei-me de ver filmes antigos com a minha mãe aos sábados e domingos à tarde (RTP1, claro) e é muito provável que tenha visto adaptações de alguns dos clássicos que hoje adoro. Sei que vi a versão com o William Hurt como Rochester há muito tempo atrás mas, nessa altura, ainda não conhecia a obra nem a sua autora; lembro-me, no entanto, que fiquei apaixonada pela história e recordei durante muito tempo aquele final debaixo de frondosas árvores. Actualmente, tenho as adaptações quase todas (falta-me a de 1936) de Jane Eyre e hoje, finalmente, lá me decidi a ver a de 1943 com o Orson Wells e a Joan Fontaine. Pois foram quase duas horas agradáveis, ao contrário do que tinha imaginado. Apesar da excessiva mas usual teatrialidade dos actores, principalmente do Orson Wells, vê-se muito bem. É uma pena, contudo, que a obra original tenha sido tremendamente adulterada. 

De acordo com a Wikipédia, esta versão é aclamada especialmente porque, apesar de ter sido filmada em estúdio, em Hollywwod, conseguiu recrear os Yorkshire Moors de Inglaterra e incluíu cenários com sombras e nevoeiros próprios da goticidade das obras bronteanas. No entanto, como já referi, é aniquilada uma grande parte da história e há situações que não estão de acordo com a trama original de Charlotte Bronte. Eu devia ter adivinhado isso quando me apercebi do Dr Rivers que visitava as meninas em Lowood porque não me lembro dessa personagem no livro; lembro-me sim do John St Rivers, o pároco que, juntamente com as suas duas irmãs, abrigou Jane depois de esta fugir de Thornfield Hall. Desta pequena alteração surgem outras, sendo que quando Jane foge, vai refugiar-se em casa da Tia Reed, procurando o colo de Bessie, a única empregada que a acarinhou na sua problemática infância em casa da tia. Portanto, não existe o tempo em que Jane vagueou perdida e sem tecto até ser acolhida pelos St Rivers; não existe o tio rico da Madeira que lhe deixa a sua fortuna, não existe o tempo em que Jane leccionou na sua própria escola, o pedido de casamento de John... Tudo isso foi suprimido desta adaptação.

No entanto, aquilo que mais desgostei nesta versão de 1943 foi definitivamente a interpretação de Orson Wells! O homem consegue tirar todo o encanto a Edward Rochester. E fico insegura quando vejo que o caracterizavam como "a magnificent figure of a man, over six feet tall, handsome, with flashing eyes and a gloriously resonant speaking-voice". Serei eu com os gostos trocados ou serão os tempos que são miraculosamente diferentes?! É que aquela 'resonant speaking voice' associada ao dramatismo exagerado do senhor, quase que me levava a deixar filme a meio. Joan Fountain definitivamente, e para mim, salvou o filme de se tornar um desastre. Ela e as outras personagens. Ah! Convém lembrar que uma Elizabeth Taylor muito jovem aparece aqui no papel de Helen Burns, a amiga de Jane na escola de Lowood, que vem a falecer, deixando a nossa heroína novamente desamparada e sem amigos. E temos ainda Adéle. Nunca gostei dela nas adaptações mais recentes, sempre melosa demais (como convém, eu sei). No entanto, esta tocou-me de maneira diferente. Gostei. Achei-a doce sem ser em excesso e bem mais controlada que as suas sucessoras mais recentes, tendo conseguido arrancar-me alguns sorrisos com a sua meiguice.

publicado por Sandra F. às 23:16

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