23
Jan 15

A série The Paradise da qual falei aqui no blogue há uns tempos ( podem ler aqui) foi uma das séries que mais gostei nos últimos anos.

A minha paixão pela série é tanta que desde que a mesma começou no inicio deste mês a ser exibida na RTP2 aos domingos à noite que eu faço por não perder um episodio. Este post não é sobre a série mas sim sobre o livro que inspirou a mesma.

Como adorei a série as minhas expectativas para o livro eram altas. À medida que fui lendo essas mesmas expectativas não foram defraudadas.

Zola descreve na perfeição o grande armazém de venda dos mais variados artigos e como este vai crescendo e devorando a concorrência que no fundo sabemos que não pode concorrer com os grandes. E se Zola descreve bem cada secção também nos dá a conhecer os seus empregados, uns mais que outros.

No centro da narrativa está Denise, uma jovem da província que espera ganhar a vida em Paris, contudo a tarefa não é fácil e até chegar ao fim ela terá de ultrapassar inúmeros obstáculos. Sempre atento a tudo o que se passa no Paraíso está Mouret que nutre desde o inicio um carinho especial por Denise.

Quem viu a série e ler o livro irá encontrar inúmeras diferenças entre os dois. Embora os acontecimentos sejam mais ou menos os mesmos, as personagens tem personalidades ligeiramente diferentes, o que proporciona uma dinâmica de relações também ela diferente do que vemos na série.

Quem nunca viu a série e gosta de clássicos tem aqui uma boa leitura.

 

 

publicado por Vera às 12:26

21
Ago 14

Este é um artigo de opinião e não um artigo de resumo da história:

O livro é de uma escrita de fácil leitura e em simultâneo interessante como um facilitador para a reflexão de temas filosóficos e profundos, dando-nos a conhecer ideologias e factos da cultura russa à época.

Foi com grande espanto meu que me apercebi que a história do romance de Anna Karenina com o conde wronsky, não é totalmente a história central do livro, mas que surge como uma história paralela a tantas outras. Na minha opinião Levine é talvez a personagem central do livro, aquele que tem todas as dúvidas na cabeça, aquele que no seu coração conhece Deus pelo conhecimento do bem e do mal e sem se apegar à moda da religião. Aquele que tendo tantas falhas tem tantas virtudes, as do homem simples que a cultura não domesticou nem prendeu. 

Levine é um homem do campo, permanece assim e votado ao trabalho e à família do início ao final do livro, contrariando talvez todos os outros que tendo um fundamento na crença são fracos na moral e na acção para com os outros.

Gostei ainda neste livro, das discussões e reflexões sobre o socialismo o lugar dos homens e da riqueza. Mais que um romance é um livro fruto duma cultura e duma sociedade, onde os seus costumes estão bem espelhados.

 

Recomendo vivamente a leitura.

 

publicado por Eva Sousa às 20:42

13
Ago 14

Falar sobre E Tudo o Ventou Levou é falar sobre um dos grandes clássicos da literatura mundial. Quando pensamos neste livro, a maioria pensa no filme de 1939, protagonizado por Vivien Leigh e por Clark Gable e imediatamente associa o livro e o filme à história de amor entre os dois. Uma história atribulada, plena de emoção, cheia de altos e baixos e onde o melhor e o pior de ambos vem ao de cima. Contudo E Tudo o Vento Levou é muito mais do que isso, se fosse só a historia de amor entre dois grandes personagens não teria chegado ao estatuto de clássico. Possivelmente, o filme era hoje um entre muitos que as pessoas sabem que se fizeram mas nunca faria parte do currículo dos actores envolvidos.

 

A história é uma historia do velho Sul da América, onde o tempo passava devagar, onde os ricos eram muito ricos e os pobres eram quase inexistentes. As grandes plantações de algodão dominavam o horizonte. O Sul era uma comunidade fechada, onde as regras eram para ser cumpridas. As mães educavam as filhas para o casamento e os filhos para dirigirem a plantação. No fundo, bem vistas as coisas era um sistema.

O livro é rico em detalhes sobre a vida sulista, os costumes e tradições são explicados e muitas vezes criticados.

Quando o livro começa conhecemos Scarlett O'Hara, uma beldade do sul, com apenas dezasseis anos, ela só pensa em ir a bailes, ter muitos pretendentes e conquistar Ashley Wilkes. Todos os seus planos de conquistá-lo, talvez surtissem efeito se não fosse pelo facto de ele estar comprometido com Melanie, a sua prima e claro que o começar da Guerra Civil também impede Scarlett de conquistar o seu amor.

Este podia ser o resumo resumido de um qualquer livro da Harlequin. Mas não é. Mitchell através da sua escrita e dos personagens que criou dá-nos um fresco do sul, antes, durante e depois da Guerra, percebemos o quão sangrenta e devastadora esta guerra foi e como marcou a vida dos sulistas.

Os Sulistas são diferentes dos Nortistas pois parecem viver agarrados a um passado aristocrata e que rapidamente perde importância durante a guerra e depois dela. Os ensinamentos dos pais de pouco servem num mundo selvagem que se torna o sul no pós guerra.

 

Um livro até pode ter uma boa história mas nada é sem personagens minimamente cativantes, e todas as personagens deste livro o são, umas mais que outras. Melanie, o poço infinito de bondade, Ashley o cavalheiro mais cavalheiro do mundo, as velhas maldosas e cheias de fel, a Tia Pitty com os seus chiliques, Babá, sempre dividida entre o dever, o que é correcto e o seu afecto por Scarlett, Rhett, um bom sacana com bom coração e Scarlett.

Sobre Scarlett podia escrever uma dissertação, ela consegue despertar o ódio em mim, consegue também despertar uma imensa admiração pela sua coragem e determinação e por nunca se dar por vencida.

E tudo o vento levou é sem dúvida um dos meus livros preferidos, já o tinha lido há alguns anos e isto foi uma releitura. Mas o meu entusiasmo foi igual, as dúvidas, as incertezas, as angustias que sempre acompanham uma primeira leitura estavam lá. Por isso aconselho este livro a todos. Se já viram o filme, vão com certeza descobrir uma história mais rica, com mais detalhes. Se nunca viram ou leram preparem-se para ser arrebatados.

 

publicado por Vera às 09:23

21
Nov 13

Este filme adapta o livro de Donna Woolfook Cross, publicado pela Editorial Presença. Alguns historiadores afirmam ser uma lenda outros acreditam que há veracidade na história. O que é certo é que ao longo da história existiram mulheres que viveram como homens. O mundo era feito para os homens e pelos homens. Isto não significa que não tenham havido mulheres poderosas, assim de repente lembro-me de Cleopatra, mas ela e outras eram a excepção e não a regra.

Nos tempos medievais em que Joahnna viveu a escola era vedada às meninas. Além disso apenas os monges tinham escolas para educar. Só mais tarde é que viriam as escolas laicas.

Joahnna aprende a ler e a escrever com a ajuda do irmão e isso é só o inicio de uma jornada até se tornar papa. Uma jornada cheia de obstáculos que Joahnna consegue ultrapassar.

Mito ou verdade, este é sem dúvida um grande filme que nos mostra que devemos acreditar e lutar por aquilo que queremos. Para nós mulheres lembra-nos o quanto éramos consideradas um mero adereço nos tempos mais remotos.

 

Aqui fica o trailer:

 

publicado por Vera às 10:05

27
Out 13

Menos conhecidos e lidos estes livros são também na minha opinião obras inferiores ao famoso Jane Eyre.

 

Não quero com isto dizer que não tenha gostado, apenas que não os achei tão bons como Jane Eyre. De um ponto de vista mais literário é uma situação curiosa já que uma boa parte dos escritores só dá ao mundo uma obra-prima quando já escreveu alguns livros. Claro que isto não é uma ciência e muitos conseguem manter o mesmo nível, outros melhoram e outros regridem.

Mas mesmo não sendo tão bons não estamos perante livros intragaveis ou cuja leitura eu não recomendo.

Começando por Vilette, Charlotte Brontë apresenta-nos mais uma vez uma heroína órfã, sem recursos financeiros que a vida e talvez a coragem empurra para uma cidade estrangeira fictícia chamada Vilette. Sozinha no mundo Lucy Snow tem de enfrentar as mais diversas adversidades.

Fala-se muito do suposto carácter biográfico de Jane Eyre mas eu achei este livro mais biográfico. A solidão da personagem, a sua condição de estrangeira, a sua religião protestante num país católico, a vida de professora. Na minha interpretação dos factos biográficos penso que Monseiur Paul, o herói do livro, terá sido inspirado no professor por quem Charlotte teve uma grande paixão. Esta personagem criou em mim algumas contradições por um lado não acho uma personagem fácil de se gostar e por outro acho que se o verdadeiro professor for mesmo como ele não percebo o que ela via nele. Monseiur Paul não é mau no sentido de fazer maldades ao longo do livro, mas tem uma personalidade deveras dificil.

 

A verdade é que este livro é bem mais complexo do que Shirley que me fez lembrar um pouco os romances que todos gostamos de ler mas aos quais falta sempre profundidade. Talvez Charlotte precisasse de escrever algo mais leve. Mas desenganem-se e não pensem que este é o típico romance cor de rosa.

Em Shirley temos duas protagonistas diferentes entre si e diferentes na sua maneira de ver o mundo e lidar com ele. Shirley é uma mulher rica que dirige os seus negócios e Caroline a sobrinha do pastor da paróquia, que foi educada por ele. Apesar de diferentes elas reconhecem uma na noutra certas características que as distinguem das outras mulheres e as aproximam.

O livro fala ainda do problema das máquinas começarem a roubar postos de trabalho e a revolta dos trabalhadores contra estas mesmas máquinas. Encontramos em Robert Moore, dono de uma fábrica, um homem preocupado com os seus negócios e com os trabalhadores que se vê obrigado a dispensar.

Os problemas de Robert Moore e a sua relação com Caroline fazem lembrar North and South de Elizabeth Gaskell. Não sei se Elizabeth Gaskell não terá se inspirado neste livro da sua amiga Charlotte para escrever o seu livro.

 

Para terminar gostaria de acrescentar que ambos os livros têm algumas coincidências rebuscadas que parecem ser um dos atributos da escrita de Charlotte Brontë. Apesar das coincidências acontecerem na vida real, algumas delas são um fardo para a narrativa e se não existissem só beneficiavam a história.

Charlotte Brontë parece ter só conseguido fazer um grande livro, mas é inegavelmente uma escritora dotada, que dá ao leitor diálogos poderosos, situações complicadas que parecem não ter solução e muitas horas de boa leitura.  

publicado por Vera às 14:14

06
Ago 13

Este romance é de fácil leitura.

Passa-se na Inglaterra no  pré-revolução industrial e trata um pouco dos costumes e guerras que se travavam para que começasse a haver mecanização das tarefas nas fábricas, através da utilização de teares que necessitavam de menos intervenção humana.

O livro em si é de uma simplicidade extrema.

A história assenta na Menina Caroline Helstone e na Menina Shirley, sendo Caroline a sobrinha de um pastor, que ao longo da História descobre na preceptora de Shirley a sua Mãe, da qual há muito não tinha notícias.

A Menina Shirley é rica, e como tal apoia a revolução industrial e o desenvolvimento da região, ao apoiar um rapaz de origem flamenga de nome Mr. Moore. Este senhor possui também um irmão que foi  Professor de Shirley, o qual é apaixonado por ela sem que o dê a entender.

Ao longo do livro encontros e desencontros amorosos vão acontecendo entre Caroline e Shirley, com os pretendentes de ambas.

Nesta história dou especial relevo ao papel da mulher, na figura de Shirley a qual em determinadas partes se assume como uma figura masculina. Esta excentricidade, vista aos olhos da época, poderia talvez ser desculpada pela sua figura de poder. Ainda assim, é uma personagem submissa . Vê-se, também nesta história, um domínio do Professor que pode ser comparável a Villette e segundo as biografias de Charlotte Brontë  provavelmente coincidiria com o feitio masculino autoritário que atraia a autora. Neste caso uma mulher poderosa procura um homem, do ponto de vista social numa classe inferior à sua, para se submeter a ele.

Outra questão importante do livro é o papel que o amor tem na saúde física de algumas personagens, numa época em que a depressão não seria ainda uma doença do ponto de vista clínico reconhecida é contudo descrita com os  sintomas que agora são alarmantes e caracteriza-se na sua influência na saúde física, não somente no comportamento das personagens afectadas.

De todos os livros de Charlotte Bronttë, pareceu-me sem dúvida o mais leve. Não aborda a luta do proletariado como Elizabeth Gaskell ou Charles Dickens, tendo ficado muito na rama destes acontecimentos e do ponto de vista romântico estas heroínas não têm a força que se encontram nos outros romances. Apesar de ser um bom livro não encontrei nesta história o carisma que se encontra nas outras obras de Charlotte.

 

 

 

publicado por Eva Sousa às 21:53

19
Jul 13

 

É definitivamente um dos melhores livros que li nos últimos tempos! Definitivamente.

 

Sempre receei embrenhar-me nos livros de Charles Dickens (até hoje li apenas dois contos), apesar da curiosidade ser mais que muita. A escassez de obras traduzidas em português foi-me adiando o desejo até ter descoberto esta bonita edição da Civilização Editora. E quando lhe peguei foi com alguma descrença e a sensação de que ia deixar o livro menos que a meio.

 

Enganei-me. E ainda bem. Desde o momento em que peguei na obra, passei longas horas da madrugada agarrada a ela. É espantosa a forma como a história me prendeu e entusiasmou, desde as suas personagens à forma tão caracteristicamente Dickensiana de escrever. A história está de tal forma bem elaborada e traçada que as situações envolvem-se, desarranjam-se e tornam-se a envolver sem que o leitor suspeite por um só momento que tal situação influenciará aquela outra. E depois há aquela sinopse; quase até ao final do livro, eu perguntava-me 'mas afinal aquele Sidney Carton pouco participa na ação do livro. Porque lhe foram dar tanta importância na sinopse?'. Só lendo. Sidney Carton é sim um dos elementos mais importantes da história, aquele que deveria ser identificado como o herói romântico, como a ovelha negra que se regenera. E fica sempre aquela dúvida ligada à sua incrível parecença com Charles Darnay. Mas essa foi a única situação que Dickens não usou para tornar a sua história mais interessante; ou melhor, usou mas de outra forma bem mais tranquilizadora para o leitor. Creio que, no fundo, Dickens temeu excitar demasiado esse leitor. A história que deixou já o faz de uma forma prazerosamente excessiva.

 

As personagens, essas são maravilhosamente Dickensianas e quem conhece adaptações televisivas/cinematográficas de Dickens, sabe que o seu mundo é único e descrito de uma maneira muito própria. É muito fácil nesta obra, 'vermos' os personagens a desenvolverem a história com trejeitos e dizeres tão tipicamente dickensianos. E destaco Jerry Cruncher que é hilário ou o cantoneiro (tornado mais tarde serralheiro) que são aqueles que mais me lembram o mundo deste escritor. Depois há Miss Pross que facilmente associo a Miss Dixon de North and South da colega de Dickens, Elizabeth Gaskell.

 

Depois vem a escrita de Charles Dickens. Única e soberba. Quando li os contos (Contos de Natal e os Sinos do Ano Novo), achei que ele escrevia de uma forma por vezes cantada (especialmente no segundo conto). Aqui continuo a ver passagens onde ele faz isso, mas de uma forma tão atrativa e tão precisa na história que acabamos por nem notar. E é preciso notar, mais uma vez, a forma como ele entrelaça as situações da história, sem que o leitor se aperceba sequer para onde está a ser levado.

 

Dei cinco estrelas no Goodreads! Porque não posso dar dez. Porque não me deixam dar vinte. Porque trinta seria pouco!

 

publicado por Sandra F. às 20:16

29
Jun 13

Primeiro livro de Charles Dickens que leio, apesar de conhecer quase todos os seus livros e ambicionar lê-los todos, só que em português. E como se sabe, em português e atualmente, poucos livros dele existem traduzidos.

 

 

Ora, este eu descobri por acidente em casa dos meus pais. E tinha sido meu, naquela altura em que eu não valorizava muito os grandes clássicos ingleses. Dos 'Contos de Natal' posso dizer que gostei muito e que, apesar de ter visto algumas adaptações televisivas ou cinematográficas da história, ler o conto é muito mais entusiasmante. É belo, mesmo! E realmente percebe-se como Dickens conseguiu tornar o Natal naquilo que é hoje, uma época mágica,de alegria e união.

 

Já 'The Chimes' ou ' Os sinos de ano novo' é diferente mas igualmente belo. A linguagem utilizada é soberba, como se fosse cantada e muito, muito ativa. Dá a sensação que estamos a assistir a um musical. É realmente um texto diferente, não de todo aprazível a qualquer um, mas que nos envolve no maravilhoso espírito dickensiano.

 

E ficou, mais do que nunca, uma vontade imensa de ler mais livros de Dickens.

publicado por Sandra F. às 17:59

06
Jun 13

Este livro sempre fez parte da lista de clássicos da Literatura que quero ler. Tive o livro várias vezes na mão em livrarias, mas acabei sempre por não o comprar. Só recentemente é que o fiz e não demorei muito a lê-lo.

 

Julgo que todos conhecem a história de Dorian Gray, mesmo que nunca tenham lido o livro ou visto a adaptação de 2009, um filme que não faz qualquer justiça ao livro. A ideia é demasiado fascinante para ficar escondida nas páginas do livro. Dorian Gray tem um retrato seu pintado pelo seu amigo Basil, um dia num misto de horror e alegria Dorian descobre que o retrato está a mudar. Ao contrário daquilo que eu pensava o retrato não envelhece apenas, ele também vai mudando as expressões afáveis e jovens para outras mais duras e cruéis.

 

Dorian é apresentado como sendo um jovem muito bonito, um verdadeiro Adónis, a sua beleza é, de certa forma, cobiçada por Lorde Henry. Dorian e Lorde Henry conhecem-se através de Basil no momento em que este termina o retrato de Dorian. Lorde Henry, com o seu discurso, acaba por corromper Dorian que começa a considerar, a beleza e a eterna juventude como o mais importante da vida.

Ao ver o quadro um dia, após alguns acontecimentos importantes, Dorian percebe que os seus actos estão reflectidos no retrato.

Na minha opinião, o retrato acaba por funcionar como um espelho onde as acções de Dorian se reflectem e como a voz da consciência. Livre das restrições, Dorian acaba por poder fazer aquilo que bem entende, sem culpa, sem dúvidas ou remorsos.

 

Inicialmente esta leitura custou-me. Primeiro porque sendo eu uma leitora fervorosa de clássicos não estou habituada a que estes tenham páginas e páginas de diálogos. Mas não é nada que não me tenha habituado e como todos sabem Oscar Wilde era essencialmente um dramaturgo, este foi o seu único romance, por isso é natural que tenha muitos diálogos.

A escrita de Wilde é simplesmente maravilhosa, contudo inicialmente também me causava um pouco de confusão. Wilde usa e abusa da ironia, mas ao contrário da Jane Austen que a usa para fazer humor, Wilde é bastante cínico. No entanto aquilo que diz dá que pensar e não é a toa que o escritor é dos mais citados por essa internet fora.

 

O retrato de Dorian Gray não é um livro que agradará a todos os leitores, mas aqueles que gostem de temas como a juventude eterna, a corrupção de alguém, os caminhos errados que se percorrem na busca pela felicidade irão com certeza de gostar deste livro. Dorian Gray não é um personagem atormentado que procura a redenção como outros personagens parece antes não querer voltar ao caminho do bem e isso também o torna interessante aos olhos do leitor.

 

publicado por Vera às 13:01

30
Mai 13

Foi com algum receio que comecei a leitura deste livro. Já tinha visto uma das adaptações ( a do Ralph Fiennes e da Juliette Binoche) e até tinha gostado, mas já se sabe que as adaptações raramente fazem justiça aos livros e no caso deste livro é dificil isso acontecer dada a sua complexidade.

As opiniões sobre o único livro que Emily Brontë escreveu dividem-se por um lado há quem ame e por outro há quem odeie.

Felizmente fiquei a pertencer ao grupo dos que amou e até percebo quem não tenha gostado. Em primeiro lugar fala-se muito do amor entre Heathcliff e Cathy e o leitor acaba por não encontrar um livro só sobre isso e imaginando ser um livro mais romântico como é Jane Eyre escrito pela irmã de Emily, Charlotte a desilusão acontece.

 

O romance está lá, mas é da criação dos personagens e nas suas motivações e atitudes que Emily Brontë joga as suas melhores cartas. O livro é bastante denso a nível psicologico, abordando temas bastante complexos como a violência doméstica ou o bullying. Na minha opinião é nos personagens e na sua complexidade que o livro ganha os seus pontos e como sou apreciadora disso, a história cativou-me. A cada um deles poderia ser objecto de estudo de um psiquiatra ou psicologo, a começar por Heathcliff e o eterno debate: será a sua maldade fruto das circunstâncias ou algo que nasceu com ele?

 

Emily parece ser uma grande conhecedora da natureza humana, o que impressiona o leitor, já que pouco ou nada viu do mundo e a sua vida foi curta e foi ainda jovem que escreveu este livro. Talvez por ser um pouco uma eremita ( segundo dizem os entendidos na sua vida) é que ela percebia tão bem os outros e os via de uma forma que passou brilhantemente para o papel.

 

Este foi o único livro que escreveu, embora com os irmãos tenha inventado histórias que os mantinha entretidos. Alguns academicos acreditam que ela tinha começado um segundo livro, mas a após a sua morte o livro foi queimado. A recepção ao Monte não foi muito boa e só a custo foi conquistando o seu lugar ao contrário de Jane Eyre que foi um êxito imediato.

 

Do livro, fica a história de Heathcliff, um rapaz orfão que é adoptado pela familia Earnshaw e que enfrenta ao chegar todas as dificuldades que alguém no seu lugar encontra ao ser adoptado. De notar que antigamente as pessoas eram, em geral, bastante más e desagradaveis para com os orfãos. Possivelmente porque os orfãos eram filhos ilegitimos ou pelo menos uma boa parte era.

Mas não é só de Heathcliff que é feito este livro, temos também Catherine Ernshaw ou Cathy que se confunde com a sua filha que tem o seu nome, Hindley, o irmão de Cathy e herdeiro do Monte dos Vendavais e a familia Linton que vive na vizinha Herdade dos Tordos. Há também Nelly, a fiel empregada que conta ao Sr. Lockwood e ao leitor a história das pessoas que vivem no Monte dos Vendavais.

 

 

 

publicado por Vera às 12:36

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