03
Set 12

 

 
 

Começo então a série de posts prometida sobre as várias adaptações do livro Jane Eyre de Charlotte Brontë que já vi. Antes de começar quero salientar que isto são apreciações das adaptações e por isso quem nunca viu e não quiser saber como é deverá evitar estes posts. No fim, farei, em principio um top das adaptações: Melhor Rochester, Melhor Jane, nesse post irei também salientar os aspectos da obra que todas as adaptações conseguiram transmitir e aqueles que todas falharam. Além das semelhanças, na forma como a cena é feita, que já detectei em visualizações anteriores.

 

Foi em 2008 que se ouviu falar de novos planos para fazer mais uma adaptação deste livro. Por essa internet fora muitas vozes se ergueram contra a ideia, na altura o mundo ainda não tinha esquecido a adaptação feita dois anos antes pela BBC.

Nesta mesma altura surgem rumores que estava a ser planeado um filme sobre as irmãs Brontë, filme que ficou pelo caminho por falta de financiamento. Aqui a indignação subiu de tom, então não há dinheiro para um filme sobre as irmãs mais famosas da literatura e há para um nova adaptação de Jane Eyre? Já não foi adaptado vezes suficientes?

A verdade é que Jane Eyre tem uma popularidade e aclamação que outros livros de Charlottë Brontë não têm e talvez por isso mais uma adaptação não faça mal.

Eu também fiz parte do grupo de indignados e mais fiquei quando às primeiras imagens que vi desta adaptação a mesma me pareceu uma cópia barata da versão de 2006. Apesar de tudo decidi dar o beneficio da dúvida e perder tempo e dinheiro a ver o filme. Além disso não queria falar mal sem ver...

Estava prestes a ser surpreendida e não sabia.

 


 
Um dos aspectos que diferencia esta adaptação é o facto de começar com Jane a fugir de Thornfield Hall. Nenhuma adaptação teve esta ideia e todas começam com Jane a esconder-se do seu primo Jonh. Foi uma boa ideia e cria no espectador a vontade de saber como é que ela chegou ali e porque fugiu ela, ainda que a maioria já o saiba.
 
Como todas as adaptações esta também não perde muito tempo na infância. Apesar de gostar da Sally Hawkins não a achei uma boa Mrs. Reed, pareceu-me que não tinha a frieza e desdém necessários. Também não fiquei particularmente contente com o Mr. Blockhurst. Já o Jamie Bell e o seu St. Jonh causam-me sentimentos opostos, se por um lado acho a sua interpretação boa, a sua aparência não corresponde ao livro. Para mim este personagem tem de ser interpretado por um actor lindo de morrer, daqueles que olhamos e pensamos, como se diz em inglês: i need my smelling salts!
Outro elo fraco foi a Miss Ingram, mas aqui calculo que não tenha sido tanto por causa da interpretação da actriz mas pelo próprio guião que não lhe deu tempo para a conhecermos. Quanto ao resto do casting gostei, apesar de não apreciar totalmente a Mia Wasikowska enquanto Jane e de achar que a sua química com Fassbender não ser muita. Há um claro destaque para Judy Dench enquanto Mrs. Fairfax mas a verdade é que esta actriz nunca erra.
Outra particularidade desta adaptação é a Adele falar muitas vezes em francês e assim aproximar-se mais do original.
 
Há no entanto, na minha opinião uma falha grave, muito grave, é omitida a história de Celine Varens. Para mim é um dos momentos chave do livro e não devia ser omitido. É através desta história que Rochester se redime aos olhos do leitor/espectador porque é capaz de cuidar de uma criança que não acredita ser sua. Quando mais tarde descobrimos que queria casar com Jane acabamos por lhe perdoar mais facilmente, além disso ter ficado com a mulher em casa em vez de a colocar num asilo também abona a seu favor. A verdade é que a própria história de Bertha ficou um bocado mal contada.
 
De uma maneira geral gostei bastante desta adaptação e como todas tem as suas falhas e os seus momentos altos. Um desses momentos é quando Jane despe o seu vestido. A rapidez com que ela despe o vestido de noiva acaba por demonstrar como o mesmo outrora simbolo da felicidade se torna um fardo, é como se vestido lhe queimasse o corpo e tendo em conta que ela ia casar enganada, o mesmo torna-se simbolo do pecado em oposição a ser um simbolo de felicidade e mais concretamente, principalmente naquele tempo, de  pureza.
 
 

 

Para terminar aqui fica um vídeo que a Sandra me enviou ontem e que pode ajudar os mais indecisos a ver esta adaptação, muito mais que o trailer:

 

 

 

 todas as imagens foram retiradas deste blogue: Periods & Films

 

 

 

publicado por Vera às 14:05

Olá Vera,

Eu concordo com grande parte do que disseste.
Eu acho que este filme seria perfeito se fosse mais longo. Houve alguns momentos que eu achei demasiado rápido. Acho que o filme não perderia nada em ter uma maior duração que permitiria ver desenvolvido a evolução dos personagens.
Jane Eyre, por ex., é alguém que vemos crescer nitidamente ao longo do livro. Uma órfã que se torna uma mulher decidida e forte. E isso fica meio esbatido. Outra coisa que me incomodou quando vi o filme foi o aspecto fantasmagórico do livro. Não sei se isso aconteceu contigo mas eu lembro que qd li o livro pela primeira vez os meus olhos arregalavam-se de ansiedade com as descrições dos barulhos pela casa, da ideia que seria algo fantasmagórico ou uma conspiração da empregada. E, neste filme, acho que isso passou um pouco ao lado.
Mas gosto imenso do lado da solidão que vemos em Jane. Acho que a Mia passou isso muito bem. Eu gostei dela enquanto Jane, acho que ela foi um pouco prejudicada pelo guião, que a tornou uma Jane muitas vezes silenciosa. E o Fassbender teria sido perfeito se tivesse tido mais espaço. Faltou-lhe a ironia e zombaria do Rochester de 2006 - este sim totalmente perfeito do meu ponto de vista. Mas no que diz respeito à angústia e sofrimento de Rochester, o Fassbender passou isso muito bem.
Eu confesso que eu esperava não gostar deste filme porque todo mundo que via o filme me dizia que não tinha gostado, mas eu adorei. Só perde mesmo para a série da BBC; que, como tu sabes, eu acho perfeita.
Mas vou parar por aqui senão passo a noite toda a falar nisso! LOLOLOL

Beijo grande

Cátia
a dona do chá a 26 de Setembro de 2012 às 21:49

eu qd li o livro já tinha visto a adaptação de 1943 e por isso a parte fantasmagórico não foi exactamente uma surpresa :)
mas falta isso neste filme foi dado pouco enfase a isso e tb à história do Rochester. O filme podia ser mais longo, mas possivelmente custaria mais dinheiro.
A única adaptação que retrata bem a infância e vemos Jane crescer, como dizes, é a de 1983, todas as outras são mt apressadas nessa parte e até omitem, por vezes, a Miss Temple.
Vera a 26 de Setembro de 2012 às 22:18

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