crédito da foto: Period Films & C.
Nada melhor para o primeiro post de 2013 do que a série de época que mais gostei em 2012.
The Paradise distingue-se de outras séries feitas pela BBC ou ITV em dois aspectos. Quem vê este tipo de séries sabe que os ingleses adaptam sempre os grandes clássicos da literatura inglesa, autores mais desconhecidos como Elizabeth Gaskell. Algumas séries como Downton Abbey são argumentos originais e outras como The Crimson Petal and the White adaptam romances históricos escritos nos nossos dias.
São raras as vezes que se adaptam livros de outros países e por isso mesmo The Paradise distingue-se porque adapta um livro de Émile Zola, escritor francês.
E a outra grande distinção está em Denise, a protagonista da série, na ficção inglesa não são comuns as mulheres trabalhadoras; é mais comum encontrarmos as meninas de sociedade à espera de fazer um bom casamento.
Com a Revolução Indutrial deu-se um aumento da produção e consequentemente um maior consumo de bens, e naturalmente o comércio começou a prosperar. Isto abriu portas às mulheres que até aí poucos oportunidades de empregos tinham.
Em 1875, Denise vem da sua aldeia para a cidade ( nunca nos dizem que é Londres, por isso assumo que talvez não seja) para trabalhar na loja do tio; contudo a pouca clientela que tem não permite ao tio de Denise dar-lhe um emprego e por isso mesmo ela começa a trabalhar no The Paradise.
É por esta altura que o comércio sofre uma reviravolta e as pequenas lojas que vendem cada uma a sua mercadoria vêem-se ameaçadas por lojas como o The Paradise que tinham tudo, desde o tecido para fazer um vestido novo, aos botões para esse mesmo vestido passando pelas rendas com que se iriam adorná-lo, a preços mais baratos.
Denise rapidamente dá nas vistas. Ela parece ser talhada para o negócio e a sua mente fervilha com ideias que ajudam a aumentar as vendas.
Ela acaba por criar alguma inimizade por parte de alguns colegas, mas é vista como uma mais valia por Moray, o dono da loja.
Moray é viúvo e parece indeciso sobre um possivel compromisso com Miss Glendenning, a filha de um banqueiro. O casamento permitiria a Moray comprar as lojas à volta da sua e deste modo aumentá-la e livrar-se de algumas dívidas.
Outra personagem que merece o meu destaque é a Miss Audrey, a chefe do departamento de roupa de senhora e mulher na casa dos quarenta. Ela simboliza as mulheres que nesta altura começavam a ficar solteiras, não por falta de pretendentes, mas sim como opção em prol da carreira. Miss Audrey, em alguns momentos pensa se terá sido correcto fazer isso.
The Paradise é uma série que começa lenta e vai-nos conquistando pelos seus personagens, pelas suas histórias de vida e pelas relações que se vão establecendo entre eles.
Pessoalmente gostei da série desde o inicio, contudo penso que ela só conquistará alguns a partir do seu terceiro ou quarto episódio quando intriga começa a adensar-se. O último episódio foi dos mais emocionantes e aquele que mais vezes pensei que iria acontecer uma coisa e aconteceu outra.