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Mai 13

Foi com algum receio que comecei a leitura deste livro. Já tinha visto uma das adaptações ( a do Ralph Fiennes e da Juliette Binoche) e até tinha gostado, mas já se sabe que as adaptações raramente fazem justiça aos livros e no caso deste livro é dificil isso acontecer dada a sua complexidade.

As opiniões sobre o único livro que Emily Brontë escreveu dividem-se por um lado há quem ame e por outro há quem odeie.

Felizmente fiquei a pertencer ao grupo dos que amou e até percebo quem não tenha gostado. Em primeiro lugar fala-se muito do amor entre Heathcliff e Cathy e o leitor acaba por não encontrar um livro só sobre isso e imaginando ser um livro mais romântico como é Jane Eyre escrito pela irmã de Emily, Charlotte a desilusão acontece.

 

O romance está lá, mas é da criação dos personagens e nas suas motivações e atitudes que Emily Brontë joga as suas melhores cartas. O livro é bastante denso a nível psicologico, abordando temas bastante complexos como a violência doméstica ou o bullying. Na minha opinião é nos personagens e na sua complexidade que o livro ganha os seus pontos e como sou apreciadora disso, a história cativou-me. A cada um deles poderia ser objecto de estudo de um psiquiatra ou psicologo, a começar por Heathcliff e o eterno debate: será a sua maldade fruto das circunstâncias ou algo que nasceu com ele?

 

Emily parece ser uma grande conhecedora da natureza humana, o que impressiona o leitor, já que pouco ou nada viu do mundo e a sua vida foi curta e foi ainda jovem que escreveu este livro. Talvez por ser um pouco uma eremita ( segundo dizem os entendidos na sua vida) é que ela percebia tão bem os outros e os via de uma forma que passou brilhantemente para o papel.

 

Este foi o único livro que escreveu, embora com os irmãos tenha inventado histórias que os mantinha entretidos. Alguns academicos acreditam que ela tinha começado um segundo livro, mas a após a sua morte o livro foi queimado. A recepção ao Monte não foi muito boa e só a custo foi conquistando o seu lugar ao contrário de Jane Eyre que foi um êxito imediato.

 

Do livro, fica a história de Heathcliff, um rapaz orfão que é adoptado pela familia Earnshaw e que enfrenta ao chegar todas as dificuldades que alguém no seu lugar encontra ao ser adoptado. De notar que antigamente as pessoas eram, em geral, bastante más e desagradaveis para com os orfãos. Possivelmente porque os orfãos eram filhos ilegitimos ou pelo menos uma boa parte era.

Mas não é só de Heathcliff que é feito este livro, temos também Catherine Ernshaw ou Cathy que se confunde com a sua filha que tem o seu nome, Hindley, o irmão de Cathy e herdeiro do Monte dos Vendavais e a familia Linton que vive na vizinha Herdade dos Tordos. Há também Nelly, a fiel empregada que conta ao Sr. Lockwood e ao leitor a história das pessoas que vivem no Monte dos Vendavais.

 

 

 

publicado por Vera às 12:36

Vera eu adoro este livro... choro sempre tanto e entendo que no fim é uma história não tão triste assim! Gos especialmente da forma como o Heathcliff acaba por ter o seu final feliz ( no outro mundo) e em como este se realiza cá na escola através do Hareton, que sendo quem teria direito a tudo volta a ser dono de tudo! Todas as outras personagens acabam por ser castigadas porque não são inteiramente bons e entendo que a maldade do Heathcliff no fundo é fruto do sofrimento. eu vejo este livro como uma história de amor, mas não uma das convencionais... gosto especialmente da parte em que o Heathcliff diz ao marido da Cathy que mesmo que ele a masse mto mais nunca entenderia o amor que existe entre eles os dois que é infinito em comparação... é lindo e de chorar baba e ranho :)
Eva Sousa a 1 de Junho de 2013 às 22:59

Sim, não é uma história de amor convencional e é uma excelente história por isso mesmo. Para mim aquele momento em que a Cathy diz à Nelly o que sente pelo Heathcliff é maravilhoso, considero a melhor declaração de amor que já li/vi e duvido que encontre outra tão boa, mesmo que leia e veja muita coisa nos próximos anos :)

Agora, para mim o grande trunfo do livro são mesmo os personagens, eu adoro personagens complicados, cheios de nuances e denso, principalmente se a história os acompanhar durante um período grande da sua vida, como acontece aqui.

Mas aprecio e muito a história de amor que podia ser diferente se houvessem outros factores, mas lá está se eles ficassem logo felizes e contentes, não estávamos tantos anos depois a discutir o livro :)
Vera a 2 de Junho de 2013 às 10:01

Vera
Como sabes, eu adoro Wuthering heights. e concordo contigo: aquela declaração de amor que a Cathy faz é soberba; mas também considero a despedida deles (no leito de morte dela) muito bonita. E fico muito, muito contente por teres gostado.

Eva,
Também considero Wuthering Heights uma bonita história de amor; é, aliás, uma das minhas preferidas, e viverá sempre no meu coração. Tenho pena que muitas pessoas não a encarem assim talvez porque vejam as histórias de amor como algo recheado de beijos e abraços e passagens sentimentalistas. O monte dos vendavais é uma história de amor, mas crua, áspera e até violenta em termos emocionais. E um amor assim, tão grande, tão intenso e quase psicótico, um amor assim, dificilmente veremos.

Sandra
Sandra F. a 2 de Junho de 2013 às 11:45

Tenho pena que muitas pessoas não a encarem assim talvez porque vejam as histórias de amor como algo recheado de beijos e abraços e passagens sentimentalistas.

eu só posso concordar e penso que muita gente espera a esse tipo de história porque se fala da Cathy e do Heahtcliff e daí ficam desiludidas qd não encontram assim tantos beijos e abraços :)
Não se fala mt por exemplo da Cathy Línton e do Harenton que no fim ficam juntos e felizes, mas no inicio ela tb desdenha delae e nisso lembrou-me a mãe. Mas ao contrário da mãe que prefere o caminho fácil e casa com o Edgar, ela decidi ajudar o Hareton a melhorar e ele acaba por progredir.
Tb ng fala que o livro fala de temas tão actuais como o Bullying e a violência doméstica. O livro é mesmo bom consegue ser actual. ter uma grande história de amor e ainda abordar temas importantes e complexos.
Tenho mesmo pena que ela não tenha escrito mais :(
Vera a 2 de Junho de 2013 às 14:54

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